O estranho
Eu não sei dizer se foi obra do destino ou se foi uma
situação totalmente ao acaso. Eu não deveria estar ali naquela hora, menos
ainda naquele dia. Eu devia estar em outro canto, em outros olhos, com outra
sensação. Foi quase que imediata a aceleração do meu coração quando ele
apareceu. Uma energia estranha fluiu pelo meu corpo e eu me senti vidrada. Ele
era bem mais alto que a média e tinha uma serenidade no olhar que transmitia
paz até aos corações mais atordoados. Ele permaneceu sério, ainda bem. Se assim
eu já estava meio aérea, imagina se ele abrisse um sorrisão. Seria paixão na
certa. Se bem que aquilo foi uma paixão instantânea. Diria que seria uma
definição perfeita para o termo “amor à primeira vista”.
Eu não sei quanto tempo eu fiquei encarando-o. Alguns
segundos? Alguns minutos? Todo o tempo que ele ficou ali na minha frente? Não
sei. Mas ele percebeu. E encarou de volta. Foi uma troca de energia tão grande
que qualquer pessoa que estivesse perto poderia sentir. Era como se fossem duas
pessoas perto de se matar (ou de se amar loucamente). Olhar em seus olhos era
como desvendar o mundo. Me deu coragem, me deu força, me deu ânimo. Eu
conseguia me imaginar em seus braços, dançando, sentindo seu calor, seu cheiro, sua
respiração, seu toque e seus beijos. Tudo o que eu queria era correr até ele e
deixar acontecer. Foi então que ele partiu. Nunca soube seu nome ou algo que
não fosse aquela calça jeans justa e a camisa camuflada, mas eu ainda me lembro
daqueles olhos castanhos enxergando aquilo que nem os mais íntimos conseguiram
ver: minha alma.
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