Vem com cuidado
Vem
com cuidado. Vem uma última vez. Pé ante pé. Pode entrar. Se quiser, pode
deixar o casaco em cima do sofá, mas se estiver com frio, não precisa tirar. Sente-se,
fique à vontade. Aceita uma água? Quem sabe um café? Tenho certeza que uma
cerveja você não vai recusar. Vou buscar, espera só um pouquinho. A Netflix tá
aberta, escolhe um filme. Eu gosto de romances, mas se você não gostar, tudo
bem. Só não escolhe terror, eu tenho medo, mas se você fizer questão, eu posso
tentar. Já estourei a pipoca e o brigadeiro tá quase pronto. A cerveja está do
seu agrado? Vou te acompanhar. Gostei do filme. Prefere sofá ou a gente joga um
colchão no chão? Colchão, né? Arruma aí que eu vou buscar um cobertor. Tá frio,
né? Coloca o casaco de novo, você pode pegar um resfriado. Eu sei que é Goiás,
mas eu só tô querendo cuidar de você. Ficou bem confortável assim, né? Nossa,
seu pé tá muito gelado. Quer uma meia? Meu Deus, já foi metade do brigadeiro e
só estamos nos créditos iniciais. Moço, eu vou pegar uma meia pra você, porque
desse jeito eu que vou congelar. Mas esse filme não assusta muito, né? Acho que
não vou ver essa parte. O fantasma já sumiu, né? Caramba, como seu abraço é
bom. Eu até sentiria medo se não fosse você aqui. Seu coração tá batendo num
ritmo engraçado. Ficou com medo também? Eu falei que não gostava de terror. Sabe,
eu trocaria qualquer baladinha por isso aqui. Seu beijo é doce. E bom. Obrigada
por ter passado por aquela porta. E agora? A gente namora ou assiste mais um
filme? Eu sabia que seu pensamento seria esse. Espera um pouco, deixa eu me
encaixar nos seus braços. Não vai roncar, hein. Amor? Apaga a luz, por
favor.
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