Ela só quer viajar
Ela tinha na mente uma ideia fixa de que não faria
moradia em um lugar só. Ela não nasceu para viver uma vida baseada em rotina.
Desde pequena ela via os aviões lá no céu e queria estar lá, em todos eles,
para todos os destinos. A ideia de passar o resto da vida em uma cidade,
convivendo sempre com as mesmas pessoas a aterrorizava. Ela queria o mundo. As
praias do Caribe, os cassinos de Las Vegas, as festas de Ibiza, as pizzas da
Itália e até o chá das cinco da Inglaterra, e olha que nem de chá ela gostava,
mas tudo isso parecia mais interessante do que férias em frente ao computador e
a rotina de chegar todos os dias do trabalho ou da faculdade e ver o tempo passar até a hora de
ir dormir, para que no dia seguinte tudo recomeçasse.
Ela sempre foi o tipo de pessoa que te incentivava a ser
um alguém melhor. Ela costumava dizer que o foco é o mais importante. “As
feridas podem doer para sempre, mas já que eu vou sentir dor, prefiro senti-la
com um passaporte cheio de carimbos”. O céu era o seu limite. Ou não, porque
ela sonhava loucamente em conhecer o espaço.
Enfim, ela sabia que a felicidade não estava nos bens
materiais que ela poderia adquirir no decorrer da vida, mas sim nos bens que
ela guardaria em si para o resto da vida. Ela queria todas as experiências
possíveis, todos os cheiros, todas as visões, todos os gostos, todas as
pessoas. Ela só queria a alma leve. Ela só queria (e ainda só quer) viajar.
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